Be Fool, Be Cool

Quando eu era pequena, não tive vontade de ficar imitando minha mãe. Não ouvia É o Tchan, nem sabia dançar direito as coreografias. Não curtia desenho animado sem porradaria e sangue. Fazia bolinho de lama e 'reque-treque' - uma mistura excêntrica das folhas do quintal da minha avó com frutinhas dos pés de amora e pitanga de lá. Quando eu virei adolescente, senti a compulsão de aprender a dançar funk porque todo mundo dançava. Pintei o cabelo de loiro porque todo mundo pintava. Comprei o fichário da Hello Kitty porque todo mundo comprava. Ficava de recuperação - mesmo tendo condições de passar - porque todo mundo ficava. Nessa época, eu me senti exatamente igual a Lilo naquele filme "Meninas Malvadas", uma outsider tentando se encaixar nesse mundo louco do colegial, que tirou minha essência única, original e total nonsense. Mas, como no final do filme, eu me toquei que ser cópia é uma puta palhaçada e voltei a ser esse ser autista de sempre: que ouve Beatles, usa óculos do tempo em que aro de tartaruga era über cool, gosto do que ninguém gosta, vejo filme que só são encontrados numa busca incansável e quer saber, adoro esse meu jeito. Se eu serei assim quando ficar meio coroa? Nossa, espero que sim. Porque me tornar uma velha metida a garotona, injetando ácido na cara e me plastificando toda em nome da beleza, vou dizer não ao que eu constuí e voltar à ser uma wannabe idiota. Daí, eu mando o sinal e vocês me internam.