Amor Mau. Muito Mau.

Meu cupido é um tremendo de um boçal... se é. Quando ele não tá de férias sem aviso prévio, me arma joguinhos insuportáveis e tenta acabar com minha vida + reputação. Veja só, eu nunca quis me envolver com esse negócio de amor, ele é muito complicado para mim. Vejo as pessoas rindo, passeando de mãos dadas e combinando presentes juntos com juras eternas. Depois, vejo as mesmas pessoas chorando mágoas que nunca vão ser curadas e vagando pela rua da solidão. Eu já caminhei de mãos dadas e chorei nessa rua, mas meu cupido quis aprontar uma pior dessa vez. Não cansado de me dar rasteiras, me relembrou de passagens antigas, terraços cobertos de folhagem e um abraço meigo, porém atrevido junto com um beijo de quem sabe o que quer. Sentar antes da aula e conversar sobre nossos infinitos gostos em comum, esperar todo dia para ouvir bom dia daquela voz agradável e ganhar um brigadeiro, ou até um beijo na bochecha no intervalo. O brilho dos olhos, as conversas felizes, o chocolate doce e as memórias de um passado que poderia ter sido meu. Ao lembrar de tudo isso, uma lágrima escorre pela face. Destino cruel és o teu Julianna - fadada a ser o pierrot infeliz que perdeu sua disputa para o arlequim. Agora vai, bebe e chora.


[passagem da história entre o pierrot, a colombina e o arlequim.]
E Colombina diz: Olha-me assim, Pierrot...Os teus olhos, Pierrot, são lindos como um verso. Minh’alma é uma criança, e teus olhos um berço, à luz do teu olhar, tenho ânsias de dormir, para poder sonhar! Os teus olhos dardejam! São dois lábios de luz que as pupilas me beijam...São dois lagos azuis à luz clara do luar...São dois raios de sol prestes a agonizar... Olha-me assim Pierrot... Goza a felicidade de poluir com esse olhar a minha mocidade aberta para ti como uma grande flor, meu amor...meu amor...meu amor não pode ser seu, e sim do Arlequim...não chores meu doce pierrot!