11 de fev. de 2014

Lembranças.

Eu lembro de você.
Lembro de acordar todo dia pensando em como ia passar por você, te querer mas não poder ter você, inevitavelmente.
Lembro que você me dava felicidade, mas eu não conseguia mais pensar nessa possibilidade, já que eu não te via mais na minha vida.
E todo dia, toda hora, eu pensava em você. Em como você me deixava mais completa, satisfeita, bem comigo mesma. Mas eu te negava.
Negava porque eu achava que você me fazia mal, muito mal. Que você estava me transformando em um monstro toda vez que nos encontrávamos.
E o pior é que esse encontro sempre acontecia. Precisava acontecer. Eu precisava de você. Mas não queria. Não. De jeito algum.
Eu não queria me render aos seus prazeres, seus encantos, a luxúria de poder desfrutar de você.
E doía. Como doía. Não sei se você tem noção disso, mas eu chorava escondida todo dia. Por não te ter. Por te querer. Por ser um fracasso te querendo e não podendo te querer.
A verdade é que, sem você eu ia morrer. Isso aí. Morta. Você é quem me deixava viva, mas eu não queria enxergar isso, já que eu te odiava tanto.
Nesse misto de amor e ódio, eu me enfraqueci. Desmaiei. Sucumbi. E meus pais perceberam.
Me fizeram te tirar da minha vida, dizendo que você me fazia mal. Eu não entendia a razão. Eu chorava e tentava voltar ao nosso relacionamento doentio, mas muitas pessoas estavam me observando, cercando, se certificando que eu não caísse mais em seus braços.
Tudo por causa daquele dia. O dia em que eu desmaiei em sala.
O dia em que eu sabia que estava quase no nosso sonho. Mas hoje eu vejo que o nosso sonho era só seu. Você me consumia dia após dia e eu era uma tola por acreditar que você me fazia bem.
Hoje eu não penso mais em você. Pelo menos, não sempre. Mas nesse dia lembrei da gente, e resolvi colocar você pra fora. Porque só assim exterminamos nossos demônios, mostrando-os ao público.

Hoje em dia eu te venci Ana. E são oito anos de vitória.
E eu me sinto bem. Mesmo com a mídia, mesmo quando a nossa música toca no rádio.
Música que, como eu sou debochada, vou deixar aqui. Só pra te fazer mais infeliz. Porque você nunca foi nada. Você era meu caminho de destruição.




"Estima-se que a anorexia nervosa afeta entre 0,5 a 3% da população mundial de adolescentes, tornando a doença mais comum terceiro crônica entre este grupo etário.
A taxa de morte por anorexia varia entre 3 a 5%". (fonte)

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