Prezado Papai Noel,

O senhor é um verdadeiro fanfarrão! Quando descobri a não-existência de sua pessoa, saiba que chorei durante dias e até hoje tenho ressentimento quando vejo uma pessoa vestida igual ao senhor. Quem vossa senohria pensa que é, afinal? Enganar uma criança de 6 anos é no mínimo cruel, fazendo ela acreditar que você entraria pela janela e colocaria um grande presente - ou que ia deixar moedas para mim na minha sandália da Xuxa, que aliás, foi roubada por ficar no lugar onde era dito que você passaria. Saiba que eu tentava ficar todo Natal acordada até a meia noite só para tentar dar um abraço no senhor, porque achava que você tinha cheiro de pinheiro com chuva, mas sempre caía de sono e quando acordava e via que já era manhã, começava a fazer planos para o próximo ano. Ah, e que fique registrado que eu fui tão tola que juro que vi sua imagem projetada por cima da minha cômoda, que ficava no parapeito da janela dos fundos. Eu era tão boba, e você, que deve se achar muito bonzinho e legal, destruiu essa parte da minha inocencia quando eu vi a boneca que tinha pedido escondida na casinha da piscina. Nunca o perdoarei por isso, não adianta me pedir desculpas, nem mandar carta formal, nem mesmo me oferecer um passeio ao Polo Norte - que aliás, não é habitado, seu farsante! Fique feliz somente por eu não levar seu caso à uma vara criminal e o acusar por calúnia e difamação durante o meu nascimento até meus tenros seis anos. E passe bem, andando por aí com sua carruagem tosca e esses bichos estranhos que são alces mas você insiste em chamar de rena.

Cheers,
Uma das milhões que você engana.